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Nucleótido em adenina -> nucleótido em guanina

Gene - sequência de nucleótidos que contém a informação para a construção de uma dada proteína.

Nucleótido - unidade estrutural dos ácidos nucleicos.

Aminoácido - unidade estrutural das proteínas.


As fibras de amilóide resultam duma alteração (mutação) no braço longo do cromossoma 18 do gene que codifica a transtirretina (TTR).
A substituição neste gene de um único nucleótido em adenina por um em guanina (bases constituintes dos nucleótidos), na posição 30, leva a que seja codificado o aminoácido metionina (Met) em vez de valina, o que vai originar uma proteína com características diferentes.
Como é dominante, se os indivíduos forem homozigotas (tiverem os dois elementos do par do cromossoma 18 com a mutação) têm 100% de probabilidade de transmitir a doença aos seus descendentes. Se forem heterozigotas (só um dos cromossomas afectado) a probabilidade desce para 50%. O facto de um indivíduo ser homo ou heterozigota parece não agravar a sintomatologia, havendo até casos de homozigotas assintomáticos.

Enquanto a TTR normal é solúvel no plasma e estável nos tecidos, a mutada é solúvel no plasma mas instável nos tecidos, polimerizando (agregando) e formando fibras de amilóide.


As fibras, ao serem observadas ao microscópio de luz polarizada, aparecem esverdeadas, devido à dupla refracção da luz incidente.

Deposição de substância amilóide num tecido de PAF observada ao microscópio de luz polarizada
(Unidade de Amilóide, IBMC, Rui Fernandes)


Como existem outras proteínas com capacidade de polimerizar, quando os investigadores observam depósitos de amilóide em tecidos, para terem a certeza que se trata de TTR, coram-nos com anticorpos específicos dessa proteína obtidos após injecção de TTR num animal que a reconheça como proteína diferente.

Localização de depósitos da TTR no tecido muscular corados com anticorpos.
(Unidade de Amilóide, IBMC, Rui Fernandes)


A TTR é uma proteína tetrâmera (constituída por quatro subunidades), relacionada com o transporte da RBP (proteína de ligação da vitamina A), de lípidos e da tiroxina (hormona da tiróide). Se o indivíduo for homozigota, tem as quatro subunidades mutadas, se for heterozigota poderá ter uma, duas ou três. No entanto, se o mecanismo de deposição das fibras for o mesmo, o que ainda se está a investigar, tanto faz ser homo ou heterozigota.
Existem outras mutações na TTR, algumas das quais não patogénicas, que estão associadas à Met 30. No nosso país, foram identificadas seis famílias com a dupla mutação (Met 30 e Met 119), verificando-se que a doença aparece mais tardiamente e a sua evolução é menos acentuada. A protecção que a segunda mutação (Met 119) faz da sintomatologia clínica está relacionada, segundo Maria João Saraiva, com o facto de, para se formarem fibras, haver necessidade da TTR se dissociar nas suas quatro subunidades. Como a Met 30 o faz muito facilmente e a Met 119 oferece grande resistência a essa dissociação, a associação das duas atenua a sintomatologia.



© Pedro Soares 2002 | Updated: 10/15/2002

E-mail: p_hmsoares@yahoo.co.uk